terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Caso Cassule/Kamulingue poderá ir a tribunal "dentro de pouco tempo"

            Caso Cassule/Kamulingue poderá ir a tribunal "dentro de pouco tempo"

Advogado diz que procuradoria está a fazer trabalho "qee interessa" aos familiares dos activistas desaparecidos
O advogado das famílias dos activistas Isaías Cassule e Alves Kamunlingue saudou o trabalho que a Procuradoria Geral está a efectuar para levar os alegados assassinos dos dois homens a tribunal.

Em declarações á Voz da América Salvador Freire disse não haver desenvolvimentos de nota, acrescentando que “a procuradoria está a fazer o seu trabalho e o processo encontra-se em segredo de justiça”.

“A procuradoria está a fazer um trabalho que de facto interessa os familiares tanto do Cassule como do Kamulingue,” disse o advogado.

“Acreditamos que dentro de pouco tempo o processo irá a tribunal para julgamento,” acrescentou.

Salvador Freire recusou-se a dizer se as autoridades já o tinham informado oficialmente de quem são os suspeitos que poderão ser levados a julgamento.

“Prefiro não falar sobre esse assunto que está ainda sob segredo de justiça,” acrescentou.

Anteriormente tinha sido divulgado que quatro  elementos das forças de segurança tinham sido detidos. Outras quatro pessoas que teriam alegadamente sido presas não foram identificadas.

Entre os primeiros detidos encontram-se Júnior Maurício – Efectivo da investigação criminal da Maianga - João Fragoso – Chefe dos serviços de Viana - Pimentel Daniel - Efectivo da investigação criminal da Maianga - e Augusto Mota, chefe das operações do Serviço de Informação e Segurança do estado, SINSE em Luanda.

Sebastião Martins foi demitido da chefia do SINSE embora nunca tenha sido dada uma explicação oficial para a demissão que se pensa estar ligada ao desaparecimento e assassinato dos activistas.

Recentemente a imprensa angolana publicou noticias de que Martins poderia em breve ser detido, mas isso não parece ter ocorrido. 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Caos no Serviço de Inteligência Militar

Um grupo de dez oficiais generais e 12 coronéis do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM) aguardam, há seis meses, para serem empossados nos cargos para os quais foram nomeados pelo presidente José Eduardo dos Santos.

Entre os nomeados, a 19 de Junho de 2013, constam o tenente-general Carlos Miguel de Sousa Filipe, para o cargo de chefe-adjunto do SISM; o brigadeiro Pedro Minguela, chefe da Direcção de Contra-Inteligência Militar do Exército; e o contra-almirante Domingos Baptista, chefe da Direcção de Contra-Inteligência Militar da Marinha de Guerra Angolana.

O Maka Angola soube de fonte oficiosa que a situação tem criado enormes embaraços nas direcções para as quais os oficiais generais e oficiais superiores foram nomeados.

Os expedientes das direcções reestruturadas continuam a vincular apenas os nomes dos oficiais exonerados, cabendo aos nomeados tomar decisões e assinar em nome dos responsáveis anteriores.

A situação tornou-se, em alguns casos, caricata. Em postos onde os adjuntos foram promovidos às chefias de direcção e há bom relacionamento com os ex-superiores hierárquicos, verificam-se acertos informais “de camaradagem e solidariedade”. Estes acertos permitem a partilha de responsabilidades entre nomeados e exonerados.

Noutros casos, os exonerados preferiram manter-se em inactividade temporária, nas suas residências, até novas ordens.

Em causa estão, entre outras, as direcções de Informação e Análise, de Tecnologias de Informação e Comunicação e de Planeamento Estratégico

Segundo um advogado consultado pelo Maka Angola, “em princípio, os nomeados não devem exercer funções sem a tomada de posse. É um acto ilegal”.

Cabe ao presidente da República, na qualidade de comandante-em-chefe, conferir posse ou delegar ao chefe do SISM, general António José Maria, a responsabilidade de o fazer.

“A tomada de posse é o acto administrativo entre o nomeado e a instituição que ele passa a representar, e valida o compromisso do novo servidor público com a instituição, sem o qual a nomeação fica sem efeito”, explica o advogado.

O tratamento político reservado a órgãos nevrálgicos para a segurança nacional, como os serviços de inteligência militar, obedece a dois critérios fundamentais:
Primeiro, o exercício da soberania nacional cada vez mais tem sido subordinado às agendas privadas do presidente da República e de um grupo muito restrito de generais, membros do governo e do MPLA, bem como aos interesses estrangeiros que lhes conferem maior legitimidade e protecção.

Segundo, a desarticulação do sector da defesa e segurança de Estado visa fortalecer a operacionalidade de estruturas paralelas de defesa e segurança. Estas são protegidas e encobertas pela Casa de Segurança do Presidente da República, com o propósito de oferecerem maiores garantias de lealdade e subserviência às arbitrariedades do poder.

Em suma, mina-se a profissionalização, a coesão e a melhoria de condições do exército, de modo a prevenir um eventual golpe de Estado.

A título exemplificativo, apesar da atribuição de US $130 milhões anuais ao SISM, até ao momento este organismo não dispõe sequer de instalações próprias. A confusão que assim se gera no sector ocupa os oficiais na luta pela sobrevivência, no quadro da carreira militar, desviando-os da manutenção da segurança da soberania nacional.

O coro de fanáticos do MPLA e do presidente José Eduardo dos Santos mantém a confusão propositada entre questões de soberania nacional e os interesses privados dos seus líderes, através da violência política, da chantagem económica, da propaganda e da suposta paternidade do patriotismo. Esses indivíduos formam a barreira humana que impede a sociedade angolana de compreender os graves riscos que o comportamento errático do presidente acarreta para a soberania nacional.